quarta-feira, setembro 28, 2005



ULTIMO TANGO

Hoje dançarei meu último tango, à luz da lua,
dispo-me de todo o teu cheiro e, da canção
afasto teus compassos... com convicção!
danço uma musica que jamais será tua

Hoje tua sombra nao se verá no meu chão
Hoje danço novos passos, numa nova rua
sozinho, com passos breves, numa dança crua
desenho na calçada, a final, um coração...

Corro para casa, lavo-me, limpo-me de ti
escorre na àgua todo o teu fogo bravo...
todas as emoções que contigo...já esqueci!

Enterro-te no último tango que cavo...
No ultimo passo de tango onde te vivi
Não sentirás nem o punhal que cravo

terça-feira, setembro 27, 2005




Rasgou-se o céu num passo desfeito
na luz cruel vertida de tua janela
teus peitos esmagados noutro peito
eu na rua encarcerado , brutal cela

Sinto todo o odor emergente desse leito
como se essa cena fosse minha, e eu dela
minhas mãos moldam-te no vazio, perfeito
...outras maos correm teu corpo canela

Espeto-me no punhal forte desse ciume
Choro em raiva rouca, por outro respirar
todo o cheiro que libertas, doce perfume

Teu corpo no meu não voltará a dançar
mas queima-lo-á sempre como lume
em todos os passos que o Tango chorar

segunda-feira, setembro 26, 2005




Sabes? Às vezes sinto-me só e vazio
E até penso que todos deixaram de escutar
de se escutar a si mesmos no branco luar
que acorda... adormece ... acorda sem desafio

Sabes? Às vezes nem lembro daquele frio
que nasce no estomago com o aproximar
de alguém que se quer... que se quer beijar
e sobe nas faces em chama... sem pavio

Às vezes ja nao me lembro muito bem
de como se pega na mão de alguém
que se olha no olhar e se diz: "sou tão teu"

E às vezes acho que nao consigo dizer "vem"
Com medo de ver o que minh'alma sofreu
por alguem que há muito ... se perdeu...

domingo, setembro 25, 2005




Ardes-me no peito como fogo bravo
um calor que me chega a sofocar
nó de garganta com que nao sei lutar
luta de desejos que já nem travo

cedo no instante em que me cravo
em ti como punhal de raio de luar
que em teu cabelo sempre vai brilhar
cedo a tua boca no beijo escravo

Ardes como fogo e ferida aberta
num peito que se abre à hora certa
pra te recolher sem que dele hajas saído

Ardes em paixao de cinzas nao coberta
nada se extingue nem é diminuido
no fogo de amor... em desejo construído

sábado, setembro 24, 2005



Poderia dançar em teu corpo a toda a hora
conheço cada espasmo, cada movimento
cada vacilo, arrepio... estremecimento
Poderia dança-lo, rodopiá-lo mesmo agora

Poderia ser parte de ti pela vida fora
unir nossos corpos em cada filamento
nossos passos nao se trocam, sao seguimento
Nossa tarde nao anoitece, é sempre aurora

Cada beijo seria petala daquela rosa
que entre nossos lábios sempre se entrosa
e que em nossa boca sempre permanece

cada espinho seria uma lágrima preciosa
caída durante o beijo que eu te desse
por amor rolada e que jamais se esquece





Que a noite oiça toda a emoção
que este vermelho peito carrega
pudesse, ao luar, beijar a tal mão
que já só a esperança nao sonega

Cobriria de rosas vermelhas o chão
de toda a calçada dessa entrega
aos espinhos cravava-os no coração
para nao exagerar a alegria cega

Quantos sonhos morrem na dor
quanta ilusao se perde ao luar
quantos silencios ficam por gritar

Mas se é puro o desejo e o amor
Que doa o peito até o sol se pôr
e se espere, na lua,... o beijo por dar...

sexta-feira, setembro 23, 2005



Já nao oiço teus breves passos na calçada
e era neles que o meu coração se ouvia
nem vejo tua sombra em mim projectada
e era nela que minh' alma, feliz, se via

Já nao oiço teus risos na madrugada
descendo a rua que mais ninguem descia
o luar perdeu força, vejo mais nada
para lá da escuridao d'uma historia vazia

Às vezes ainda te oiço cantar... baixinho
teu cheiro surge e em mim permanece
espero... sorrio... nada mais acontece

Acho que é saudade que canta o carinho
que meu corpo quer e a alma nao esquece
E sinto teus lábios ... meu coração adormece...

quarta-feira, setembro 21, 2005



Paixao vermelha, de sanguinea flor
rasgada pelos espinhos do momento
que tome de meu sangue toda sua cor
e floresça nesse vermelho pigmento

Paixao vermelha, de tom arrebatador
o mais vermelho que consiga o pensamento
é só desse vermelho todo o meu calor
e nele meu coração segue o batimento

sem vermelho a vida é crua, sem sentido
com vermelho é fogo, forte e apaixonada
É pimenta, é lua de por do sol avermelhada

é vulcão, é magma em chamas vertido
é coraçao pequenino,... quase nada
num amor maior que a alvorada...

terça-feira, setembro 20, 2005



Fugi de ti e de mim fiquei ausente
corri na estrada, sem olhar pra trás.
ainda te ouvi gemer: " Não vás"
abandonei-nos, vazio, indiferente...

Procurara germinar, sem semente
num campo infertil e voraz
abraçado à poeira seca, incapaz
desfaleci o rosto na terra quente

fugido da frescura do teu olhar
encontrei-me no deserto do meu eu
moribundo nas bermas de meu nada

recordei vermelhos de teu dançar,
dos cinzentos de quem te bebeu,
enegrece e dança só... na calçada...

quarta-feira, setembro 14, 2005





Yo te contaré una historia
que de un dulce tango nasció
el traje rojo baila en mi memoria
su boca roja mi corazón robó

tango en una acera ilusoria
pasos en que mi alma se perdió
rojas rosas en tu boca de gloria
boca donde ese amor comenzó

una rosa por cada fuerte mirada
que parecía caerse del cielo
y quemaba cualquier alma helada

pasos fuertes, decididos de locura
que quitaron mi corazón del hielo
y hicieron de la acera mi sepultura




Amália, só em tua voz de prata
a alma deste país se conforta
outos cantam bem a cada porta
mas só tua janela nos arrebata

Canta-me um fado em serenata
de tua janela pra rua morta
papeis invertidos? que importa?
só tua voz meu silencio mata

Da-me um fado, um fado sofrido,
faz chorar as pedras da calçada,
com tua vermelha voz de morango

desce, vem dança-lo, destemido,
comigo em tua voz amargurada
nos passos breves do meu...Tango



Em teu lábios quentes me acendi
em tua boca de fogo me queimei
que importa toda a dor que sofri
se foi nesses beijos que eu amei

Entregaria outra vez só a ti
cada beijo, cada rosa que te dei.
Em cada beijo uma rosa te colhi
em cada rosa um beijo te entreguei

Que importam as lágrimas e a dor
as noites inteiras que nao dormi
e que na cama amanheci só... sem ti

Só em teus labios senti o calor
que acende a chama,... meu amor,
do amor que só contigo eu senti...

terça-feira, setembro 13, 2005



Da dor fiz um fado e cantei-o
com notas de ciume e pecado.
Desse amor, na dor mal amado,
criei um tango e dancei-o

Arrastei-me na agonia e chorei-o
em passos viris... sofocado
A rosa qu'em teu cabelo tinha estado
Agora prendo-a no peito, eu sei-o!

Oiço teus passos na calçada...
Numa ultima dança de emoção
atiro-te a rosa na multidão

rodopias breve e desinteressada...
agarro-te com a força musicada
deito-te na sombra do meu coraçao


Este Tango vais ter de dançar,
chorado com lágrimas de fado!
Rodopias uma vez mais no ar
a teus pés olho-te, ajoelhado

Finges que me beijas... o olhar...
ofereces a boca... sinto-me beijado
atiro-te no vazio do luar
e puxo-te outra vez pra meu lado

devolves-me a rosa do pecado
que teus passos gritam na escuridao
em que vendes teu corpo cansado

Comigo levo a rosa da ilusão
Choro, grito e soluço este fado
e sangro nos espinhos da canção



Beija-me nesse quente amasso
a noite é nossa e de ébria ilusão
dança dentro deste abraço
olha-me com toda tua paixão

Nossos corpos voam no espaço
Sem asas, elevas-me do chão
dança, sem lembrar o passo...
Dança! Dança,... só com o coração

Rasgamos mil passos em cascata
Enquanto teu corpo me arrebata
e teus lábios se oferecem.... num arpejo...

Ah, margens del Rio de La Plata!
como fico louco, louco... de desejo
Danço com ela; és tu, porém,... quem beijo...

segunda-feira, setembro 12, 2005


Assim nasceu pelo desejo,
pelo ciume.. ou pelo amor
assim nasceu juntinho ao Tejo
grito de fado... grito de dor

Así nació la voz que mata
de profundidad, casi fango
del gran Río de La Plata
no nació el fado, pero un tango ...

Xailes, alcool e rosas
bocas vermelhas, cor de morango,
versos rimados ou meras prosas.
São de amor.. o Fado.. e o Tango

Solta-se-me a voz...
como se solta sempre o amor
Solta-se a dor...
como se solta sempre no amor

Prende-se a voz
como se solta sempre a agonia
rasgam-se os nós
que a garganta em nó prendia

Volto do fim
como se volta sempre que se acaba
volto pra mim
de maos vazias ... coração com nada

Sonho com o passado
como se sonha sempre que nada se tem
acordo... desgraçado
iludido com o dia que nao vem


Dame un Tango

Olha,... olha-me no olhar..
ouves o palpitar?
Ah! Melodias de dor...

Vem, abre-me de par em par
o pensamento, no arrastar
destes passos de amor

Ah! dá-me a tua essencia.
busca em mim a inocência
que já tive e que perdi

Atira.. essa rosa para mim
dame un tango sem fim
leva tudo o que vivi....por ti

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