domingo, novembro 13, 2005

Nada


Arrastavas-te nos passos,
A luz do futuro não te era guia,
Somente perseguia.
Nada mais se impunha
A não ser a desistência
E nem ela te moveu.
Qualquer caminho era demasiado penoso
Para trilhar só.
Parado, preferias ser ultrapassado
Por tudo,
Até pelas recordações…
E como elas te abanavam nas ultrapassagens!
E só as adivinhavas
Depois de prostrado na terra,
Embrenhado em aromas de solo
Mal cultivado,
Que jamais floriria...
Nem o frio da chuva
Que se desprendia do teu queixo,
Fervido em lágrimas de fogo,
Te fazia vir à realidade.
Nada mais em ti emanava calor.
Até as lágrimas arrefeceram.
Numa manhã qualquer
Que te substituiu o choro...
Por gotas de orvalho
(tão gelado, por vezes).
Deixaste-te deixar de ser
E preferias assim ficar: abandonado!
Um dia, numa queda qualquer,
A lanterna que te ilumina os passos dados
Há-de cair-te à frente…

Foto: Duane-Michal

5 Comments:

Blogger Maria said...

"Nâo é de um medo enorme que ressurge a vida?"
Jorge de Sena
Beijos

5:38 da tarde  
Blogger lena said...

Embriaguei-me no aroma das palavras

beijinhos

lena

8:28 da tarde  
Blogger Azul said...

Belíssimo texto este. Fiquei impressionada. verdadeiramente, para ser franca. Um abraço para si. Azul.

8:50 da tarde  
Blogger Morfeu said...

Nada, não é o que nos resumimos sem Amor...abandonados, névoas de vento frio que nos invadem e que nos levam as ultimas lágrimas por alguém, esse que nos deixou só.
Muito bonito...um abraço

10:25 da tarde  
Blogger Walter said...

Profundamente belo e magico, afinal a magia é tudo, lembraste?e o maior truque é nao ter qq truque!
um abraço

11:51 da tarde  

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